Aedes de laboratório? Inseto transgênico é solto na Bahia
Torcemos para que este modo de erradicação seja eficaz. Saiba o que acontece com este mosquito geneticamente modificado quando solto no ambiente.
O mosquito Aedes aegypti modificado gera filhotes que não chegam à fase adulta. Os cientistas misturam material genético de drosófilas (aquelas moscas que ficam nas frutas), ao do mosquito.
A transformação faz com que seus filhotes produzam uma proteína que causa sua morte ainda no estágio larval ou de pupa (a fase de casulo). Os pesquisadores já estão soltando essa versão transgênica do inseto em bairros de Juazeiro (BA).
Trabalho no laboratório
Os embriões são produzidos pela Biofábrica Moscamed, em Juazeiro (BA), e identificados com um marcador fluorescente. Por diferença de tamanho em relação às fêmeas, os machos – que alimentam-se de néctar e sucos vegetais – são isolados antes da fase adulta, quando serão liberados no ambiente.
Eles serão soltos em cinco bairros da cidade. Lá, concorrerão para procriarem com as fêmeas, o que, em longo prazo, deve reduzir a população local dos insetos.
A previsão é de liberação de 50 mil mosquitos por semana nesses locais, e a conclusão do estudo está prevista para 18 meses após o início do procedimento.
Os primeiros 10 mil mosquitos já foram soltos no começo da semana, no bairro de Itaberaba. Amanhã, serão liberados mais 8.000 no mesmo local. A Malásia aderiu a mesma prática recentemente.
Será que a medida tem algum risco?
Não há chance de aumentar a incidência da dengue, já que os mosquitos machos não se alimentam de sangue, por isso não transmitem a doença, e sua única função é copular com as fêmeas – informações da bióloga Margareth Capurro, coordenadora da iniciativa.
Em relação ao possível desequilíbrio ambiental, Capurro afirma também ser praticamente nulo. O A. aegypti não é nativo do Brasil e encontrou um ambiente ideal porque não possui predadores naturais por aqui.
“Os mosquitos transgênicos vivem por aproximadamente sete dias e não deixam descendentes. Para retirá-los da população de insetos do local, basta parar de abastecê-la com novos indivíduos.”
Sem a modificação, o ovo do mosquito da dengue precisa de apenas uma semana para se tornar adulto e transmitir a doença.
Apesar de mais caro, o procedimento pode substituir inseticidas e larvicidas, reduzindo o lançamento de possíveis poluentes no ambiente.
“O que essas substâncias fazem é selecionar indivíduos resistentes, que não morrem com os produtos”, aponta a bióloga.
A iniciativa é coordenada pela bióloga Margareth Capurro, pesquisadora da USP, e foi aprovada pela CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança).
*Via FSP
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